O PERÍODO
INTERBÍBLICO
(INTERTESTAMENTÁRIO)
Adaptação
Pr. João Lopes Amaral
Desenvolvimento
Político
A Expressão “400 anos de silêncio”, freqüentemente
empregada para descrever o período entre os últimos eventos do (A.T), e o
começo dos acontecimentos do (N.T), não é correta nem apropriada. Embora nenhum
profeta inspirado se tivesse erguido em Israel durante aquele período, e o (A.T),
já estivesse completo aos olhos dos judeus, certos acontecimento ocorreram que
deram ao judaísmo posterior sua ideologia própria e, providencialmente,
prepararam o caminho para a vinda de Cristo e a proclamação do Seu evangelho.
Supremacia Persa
Por cerca de um século depois da época de Neemias, o
império Persa exerceu controle sobre a Judéia. O período foi relativamente
tranqüilo, pois os persas permitiam aos judeus o livre exercício de suas
instituições religiosas.
A Judéia era dirigida pelo sumo sacerdotes, que prestavam
contas ao governo persa, fato que, ao mesmo tempo, permitiu aos judeus uma boa
medida de autonomia e rebaixou o sacerdócio a uma função política. Inveja,
intriga e até mesmo assassinato tiveram seu papel nas disputas pela honra de
ocupar o sumo sacerdócio. Joanã, filho de Joiada (Ne 12.22), é conhecido por
ter assassinado o próprio irmão, Josué, no recinto do templo.
A Pérsia e o Egito envolveram-se em constantes conflitos
durante este período, e a Judéia, situada entre os dois impérios, não podia
escapar ao envolvimento. Durante o reino de Artaxerxes III muitos judeus
engajaram-se numa rebelião contra a Pérsia. Foram deportados para Babilônia e
para as margens do mar Cáspio.
Alexandre, o Grande
Em seguida à derrota dos exércitos persas na Ásia Menor
(333 AC), Alexandre marchou para a Síria e Palestina. Depois de ferrenha
resistência, Tiro foi conquistado e Alexandre deslocou-se pra o sul, em direção
ao Egito. Diz à lenda que quando
Alexandre se aproximava de Jerusalém o sumo sacerdote
Jadua foi ao seu encontro e lhe mostrou as profecias de Daniel, segundo as
quais o exército grego seria vitorioso (Dn 8). Essa narrativa não é levada a
sério pelos historiadores, mas é fato que Alexandre tratou singularmente bem
aos judeus. Ele lhes permitiu observarem suas leis, isentou-os de impostos
durante os anos sabáticos e, quando construiu Alexandria no Egito (331 AC),
estimulou os judeus a se estabelecerem ali e deu-lhes privilégios comparáveis
aos seus súditos gregos.
A Judéia sob os
Ptolomeus
Depois da morte de Alexandre (323 AC), a Judéia, ficou
sujeita, por algum tempo a Antígono, um dos generais de Alexandre que
controlava parte da Ásia Menor. Subseqüentemente, caiu sob o controle de outro
general, Ptolomeu I (que havia então dominado o Egito), cognominado Soter, o
Libertador, o qual capturou Jerusalém num dia de sábado em 320 AC Ptolomeu foi
bondoso para com os judeus. Muitos deles se radicaram em Alexandria, que
continuou a ser um importante centro da cultura e pensamento judaicos por
vários séculos.
No governo de Ptolomeu II (Filadelfo) os judeus de
Alexandria começaram a traduzir a sua Lei, i.e., o Pentateuco, para o grego.
Esta tradução seria posteriormente conhecida como a Septuaginta, a partir da
lenda de que seus setenta (mais exatamente 72 - seis de cada tribo) tradutores
foram sobrenaturalmente inspirados para produzir uma tradução infalível. Nos
subseqüentes todo o Antigo Testamento foi incluído na Septuaginta.
A Judéia sob os
Selêucidas
Depois de aproximadamente um século de vida dos
judeus sob o domínio dos Ptolomeus, Antíoco III (o Grande) da Síria conquistou
a Síria e a Palestina aos Ptomeus do Egito (198 AC). Os governantes sírios eram
chamados selêucidas porque seu reino, construído sobre os escombros do império
de Alexandre, fora fundado por Seleuco I (Nicator).
Durante os primeiros anos de domínio sírio, os selêucidas
permitiram que o sumo sacerdote continuasse a governar os judeus de acordo com
suas leis. Todavia, surgiram conflitos entre o partido helenista e os judeus
ortodoxo. Antíoco IV (Epifânio) aliou-se ao partido helenista e indicou para o
sacerdócio um homem que mudara seu nome de Josué para Jasom e que estimulava o
culto a Hércules de Tiro. Jasom, todavia, foi substituído depois de dois anos
por um rebelde chamado Menaém (cujo nome grego era Menelau).
Quando partidários de Jasom entraram em luta com os de
Menelau, Antíoco marcha contra Jerusalém, saqueou o templo e matou muitos
judeus (170 AC). As liberdades civis e religiosas foram suspensas, os
sacrifícios diários forma proibidos e um altar a Júpiter foi erigido sobre o altar
do holocausto. Cópias das Escrituras foram queimadas e os judeus foram forçados
a comer carne de porco, o que era proibido pela Lei. Uma porca foi oferecida
sobre ao altar do holocausto para ofender ainda mais a consciência religiosa
dos judeus.
Os Macabeus
Não demorou muito para que os judeus oprimidos
encontrassem um líder para sua causa. Quando os emissários de Antíoco chegaram
à vila de Modina, cerca de 24 quilômetros a oeste de Jerusalém, esperavam que o
velho sacerdote, Matatias, desse bom exemplo perante o seu povo, oferecendo um
sacrifício pagão. Ele, porém, além de recusar-se a fazê-lo, matou um judeu
apóstata junto ao altar e o oficial sírio que presidia a cerimonia. Matatias
fugiu para a região montanhosa da Judéia e, com a ajuda de seus filhos,
empreendeu uma luta de guerrilhas contra os sírios. Embora os velhos sacerdotes
não tenham vivido para ver seu povo liberto do jugo sírio, deixou a seus filhos
o término da tarefa. Judas, cognominado “o Macabeu”, assumiu a liderança depois
da morte do pai. Por volta de 164 AC Judas havia reconquistado Jerusalém,
purificado o templo e reinstituído os sacrifícios diários. Pouco depois das
vitórias de Judas, Antíoco morreu na Pérsia. Entretanto, as lutas entre os
Macabeus e os reis selêucidas continuaram por quase vinte anos.
Aristóbulo I foi o primeiro dos governantes
Macabeus a assumir o título de “Rei dos Judeus”. Depois de um breve reinado,
foi substituído pelo tirânico Alexandre Janeu, que, por sua vez, deixou o reino
para sua mãe, Alexandra. O reinado de Alexandra foi relativamente pacífico. Com
a sua morte, um filho mais novo, Aristóbulo II, desapossou seu irmão mais
velho.
A essa altura, Antípater, governador da Iduméia, assumiu o
partido de Hircano, e surgiu a ameaça de guerra civil. Conseqüentemente, Roma
entrou em cena e Pompeu marchou sobre a Judéia com as suas legiões, buscando um
acerto entre as partes e o melhor interesse de Roma. Aristóbulo II tentou
defender Jerusalém do ataque de Pompeu, mas os romanos tomaram a cidade e
penetraram até o Santo dos Santos. Pompeu, todavia, não tocou nos tesouros do
templo.
Roma
Marco Antônio apoiou a causa de Hircano. Depois do
assassinato de Júlio Cesar e da morte de Antípater (pai de Herodes), que por
vinte anos fora o verdadeiro governante da Judéia, Antígono, o segundo filho de
Aristóbulo, tentou apossar-se do trono. Por algum tempo chegou a reina em
Jerusalém, mas Herodes, filho de Antípater, regressou de Roma e tornou-se rei
dos judeus com apoio de Roma. Seu casamento com Mariamne, neta de Hircano,
ofereceu um elo com os governantes Macabeus.
Herodes foi um dos mais cruéis governantes de todos os
tempos. Assassinou o venerável Hircano (31 AC) e mandou matar sua própria
esposa Mariamne e seus dois filhos. No seu leito de morte, ordenou a execução
de Antípater, seu filho com outra esposa. Nas Escrituras, Herodes é conhecido
como o rei que ordenou a morte dos meninos em Belém por temer o Rival que
nascera para ser Rei dos Judeus.
Grupos Religiosos
dos Judeus
Quando, seguindo-se à conquista de Alexandre, o helenismo
mudou a mentalidade do Oriente Médio, alguns judeus se apegaram ainda mais
tenazmente do que antes à fé de seus pais, ao passo que outros se dispuseram a
adaptar seu pensamento às novas idéias que emanavam da Grécia. Por fim, o choque
entre o helenismo e o judaísmo deu origem a diversas seitas judaicas.
Os Fariseus
Os fariseus eram os descendentes espirituais dos
judeus piedosos que haviam lutado contra os helenistas no tempo dos Macabeus. O
nome fariseu, “separatista”, foi provavelmente dado a eles por seus inimigos,
para indicar que eram não-conformistas.
Pode, todavia, ter sido usado com escárnio porque sua
severidade os separava de seus compatriotas judeus, tanto quanto de seus
vizinhos pagãos.
A lealdade à verdade às vezes produz orgulho e ate mesmo
hipocrisia, e foram essas perversões do antigo ideal farisaico que Jesus
denunciou. Paulo se considerava um membro deste grupo ortodoxo do judaísmo de
sua época. (Fp 3.5).
Saduceus
O partido dos saduceus, provavelmente denominado
assim por causa de Zadoque, o sumo sacerdote escolhido por Salomão (1Rs 2.35),
negava autoridade à tradição e olhava com suspeita para qualquer revelação
posterior à Lei de Moisés.
Eles negavam a doutrina da ressurreição, e não criam na
existência de anjos ou espíritos (At 23.3). Eram, em sua maioria, gente de
posses e posição, e cooperavam de bom grado com os helenistas da época. Ao
tempo do N.T. controlavam o sacerdócio e o ritual do templo. A sinagoga, por
outro lado, era a cidadela dos fariseus.
Essênios
O essenismo foi uma reação ascética ao externalismo
dos fariseus e ao mudanismo dos saudceus. Os essênios se retiravam da sociedade
e viviam em ascetismo e celibato. Davam atenção à leitura e estudo das
Escrsturas, à oração e às lavagens cerimoniais. Suas posses eram comuns e eram
conhecidos por sua laboriosidade e piedade. Tanto a guerra quanto a escravidão
eram contrárias aos seus princípios.
O mosteiro em Qumran, próximo às cavernas em que os
Manuscritos do Mar Morto foram encontrados, é considerado por muitos estudiosos
como um centro essênio de estudo no deserto da Judéia. Os rolos indicam que os
membros da comunidade haviam abandonado as influências corruptas das cidades
judaicas para prepararem, no deserto, “o caminho do Senhor”. Tinham fé no
Messias que viria e consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.
Escribas
Os escribas não eram, estritamente falando, uma
seita, mas sim, membros de uma profissão.
Era, em primeiro lugar, copista da Lei. Vieram a ser
considerados autoridades quanto às Escrituras, e por isso exerciam uma função
de ensino. Sua linha de pensamento era semelhante à dos fariseus, com os quais
aparecem freqüentemente associados no (N.T).
Herodianos
Os herodianos criam que os melhores dos interessem
do judaísmo estavam na cooperação com os romanos. Seu nome foi tirado de
Herodes, o Grande, que procurou romanizar a Palestina em sua época. Os
herodianos eram mais um partido político que uma seita religiosa.
A opressão política romana, simbolizada por Herodes, e as
reações religiosas expressas nas reações sectárias dentro do judaísmo
pré-cristão forneceram o referencial histórico no qual Jesus veio ao mundo.
Frustrações e conflitos prepararam Israel para o advento do Messias de Deus,
que veio na “plenitude do tempo”. (Gl 4.4)
Comentários: Teologia Sistemática Charles C. Finney
Anotações Bíblicas: A Bíblia Anotada e
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